31 DE OUTUBRO DE 2019
Expediente da 63ª reunião ordinária foi suspenso para apreciação da evolução dos procedimentos hospitalares destinados às parturientes
Profissionais fazem explanações sobre projetos na maternidade do HFC
Por solicitação do vereador Ronaldo Moschini (CID), no requerimento 858/2019 , na 63ª reunião ordinária desta quinta-feira (31) houve a suspensão dos trabalhos camarários para que representantes do Hospital Fornecedores de Cana de Piracicaba fizessem uma explanação sobre o projeto desenvolvido na maternidade deste Instituição.
Por mais de 40 minutos, o diretor do Hospital dos Fornecedores, José Coral, acompanhado pelo diretor técnico, Mick Misizuk, administradora Lucimeire e Dr. Humberto, da Universidade de São Carlos, abordaram a temática sobre conduta humanizada e as novas concepções do parto.
Dr Humberto, professor da universidade de São Carlos -- que é casado com uma piracicabana -- ocupou a tribuna, na apresentação de dados sobre os partos realizados via Sus (Sistema Único de Saúde).
Falou na condição de consultor e, mostrou o número de nascidos nos últimos 20 anos, com distribuição nos hospitais de Piracicaba. Também apontou o primeiro dado relevante, onde há mais de 20 anos a prevalência é por cesária.
Disse que estamos em 70% na taxa de cesariana. A cada quatro, três nasceram desta forma, o que mostra que estamos acima da média do Estado. Também apontou como novidade, a diminuição da média de partos, na ordem 40% observado no HFC. Além de apontar a situação do Estado de São Paulo para mostrar que Piracicaba fugiu da linha, onde a situação está piorando com o aumento da intervenção por cesárias.
A consideração é que na qualidade da natalidade materna estamos com problemas, com a curva de tendência menor. Também passou pela questão neonatal e da intervenção para que a criança nasça via vaginal. “Não é a assistência que curva à lei e, sim temos que curvar à ela”, disse.
O médico também focou a questão da atenção para mostrar a necessidade de rever o pensamento crítico ao que realmente podemos fazer para mudar os paradigmas para tratar destas questões, onde cada ser humano não pode ser violado em seus direitos.
Também passou pela evolução histórica, na prestação de serviço humanizado, que não deve ser tratado como mero objeto e, sim tratar a complexidade que representa o ser humano.
"O que nos faz diferentes é o conjunto de valores que compõem a pessoa, no sentimento de seu valor, na geração de saúde, em direitos definidos na sua condição de cidadão. Quem se cuida aos direitos é a insistência e não o contrário”, disse.
O apelo é pelo diálogo, na construção de uma decisão compartilhada, na experiência adquirida com o tempo, alicerçada na verdade e na boa fé, sendo que é isso que faz a autonomia do indivíduo.
Também criticou a lei estadual, como letra morta, sem a consideração real do que é a participação. “A questão é que estão atacando o problema ao invés da solução”, disse.
Também considerou o papel mutável da ciência, a exemplo do comer ou não o ovo.
E, concluiu suas considerações defendendo a sustentabilidade do sistema, no âmbito ambiental e em outras instâncias.
E, rogou que ainda é possível mudar esta realidade, nos aprimorar de tecnologia e, não descartar as várias opções sobre o tratamento.
Pediu atenção sobre dificuldades, que requer de políticas públicas, a exemplo de interação deficitária, financiamento e judicialização da medicina.
Apontou a tabela Sus, onde a Instituição não ganha absolutamente nada. Também citou pagamento de cesáreas, na ordem de 545 reais, em custos que não conseguem pagar os custos da equipe médica, ao passo que uma cesárea custa 1.200 reais ao hospital.
Em questionamento de Lair Braga (SD), o médico informou que neste processo houve um exagero, em procedimentos sem respaldo científico, na obrigatoriedade do pediatra, em retirar o bebe, colocá-lo numa lâmpada, encubação, medir, pesar e outros procedimentos antes de dar o bebe à mãe, onde se observa uma rotina do século 20, que ainda persiste na rede púbica e privada. A defesa é pelo contato pele a pele, em contato hormonal, na criação do vínculo com a mãe, na liberação do hormônio citosina.
A vereadora Nancy Thame (PSDB) ressaltou a aula a que o médico propôs, na defesa do parto humanizado, com foco no diálogo e, no respaldo de dados, em verdadeira aula de cidadania, com possibilidade de garantir mais informações às mulheres.
Em questionamento, José Coral disse que o vereador tem que visitar o hospital e, citou a importância de os vereadores divulgarem esta situação. Também falou de portaria, ainda do ministro José Serra. "O que precisamos é divulgar. A defesa é pelo parto normal, o que evita a criança no neonatal", disse.
Nas explanações também foi ressaltado que uma das estratégias é o conhecimento, com reflexo na rede Cegonha. Também se falou de políticas públicas, em espaços que se constroem.
"Precisamos de políticas públicas que valorizem as mulheres. O financiamento é um grande problema. Temos programa que conta com trabalho voluntário para sensibilizar estas mulheres", relataram.
A vereadora Coronel Adriana (CID) questionou e fez a defesa das mulheres pobres, além de questionar os valores do Sus perante a rede suplementar, na diferenciação do que realmente é Sus e rede privada. Defendeu procedimentos da classe médica, frente ao universo de mulheres que chegam nos hospitais sem informações.