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16 DE MARÇO DE 2018
O assassinato de mulheres negras aumentou 54% em relação à última década, disse a parlamentar na reunião ordinária de ontem (15) ao registrar o assassinato de Marielle
Nancy Thame chama atenção ao crescimento da violência contra negros
A vereadora Nancy Thame (PSDB) também ocupou a Tribuna da Câmara, na 12ª reunião ordinária de ontem (15) para registrar os números crescentes no Brasil, de casos de violência contra a mulher, em especial a que atinge a população negra.
"O assassinato de mulheres negras aumentou 54% em relação à última decada. No país, 503 mulheres são vítimas de agressão física a cada hora e um estupro ocorre a cada 11 minutos", disse a parlamentar ao discutir o ter da moção 45/2018, de autoria do presidente da Câmara, Matheus Erler (PTB), de apelo à Delegacia de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro para que apure, com celeridade, o assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL, e do motorista Anderson Pedro Gomes, ocorrido na noite de quarta-feira (14), na região central do Rio de Janeiro.
Nancy cumprimentou o presidente pela elaboração da moção e, considerou que a violência envolve a todos nós, principalmente no desrespeito às mulheres. E, citou números que comprovam o assassinato crescente das mulheres negras. Lembrou que existe violência psicologia, invisível, dos meios de comunicação, que leva a violência até às últimas conseqüências.
Segundo Nancy, 29% das mulheres relatam violência, sendo que 32% são mulheres negras. A parlamentar defendeu um trabalho articulado. E, citou a Escola do Legislativo, dos direitos humanos, da cidadania, do empoderamento feminino. Também falou dos fóruns, debates, dos 16 dias de ativismo, em discussões que também abordaram o universo das mulheres negras.
"A Marielle venceu barreiras", disse Nancy, que também lembrou que o motorista, Anderson Pedro foi vítima. Na sequencia, a vereadora apresentou um vídeo para mostrar quem era essa mulher, que se tornou vereadora, da favela da Maré, na criação de filhos e estudos para mudar a concepção de vida, em trabalho com a favela, de cultura e informação.
"A gente vai resistir, dar a cara, isso nos dá orgulho. Vamos debater a questão de gênero na favela, debater a raça, negritude, para mostrar quem são estas mulheres negras que estão na favela", defendia Marielle.
A consideração é que o debate dá autonomia às mulheres, de mostrar como elas estão expostas. Para Nancy Thame a pergunta é saber quem apertou o gatilho, sendo que a sociedade tem um dedo nisso, onde vemos que a segregação é bem visível. "Perdemos uma grande mulher, ativa na política, onde temos tão pouco", concluiu a parlamentar.