Representantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) estiveram na Câmara de Vereadores de Piracicaba, durante suspensão da reunião ordinária desta segunda-feira, 7, para cobrar da Administração Municipal diálogo quanto à retirada e atendimento das famílias que ocupam área da Fazenda Lavínia, na estrada Hermínio Petrin (Piracicaba-Charqueada). Os sem-terra alegam que já tentaram diversos contatos com o Executivo, inclusive com o prefeito Gabriel Ferrato (PSDB), mas até agora não obtiveram resposta quanto às suas demandas.

A área está ocupada desde 18 de agosto por cerca de 350 famílias, sob alegação de não cumprir seu papel social, e o MST pleiteia na Justiça o direito pela terra, porém uma liminar determina a retirada das famílias a partir do próximo dia 21. “Estamos aqui porque não queremos o confronto, já tivemos algumas conversas com a Polícia Militar e eles terão de cumprir o mandado judicial, por isso precisamos do posicionamento da Prefeitura para que este processo se dê de maneira pacífica”, diz Fátima Silva, representante do MST.

“Estamos aqui pedindo uma audiência com o prefeito para que possa ser feito um assentamento e as necessidades básicas das famílias sejam atendidos”, disse Fátima. Ela enumera, entre as demandas, a necessidade de água potável, atendimento de saúde, coleta de lixo e transporte escolar para cerca de 40 crianças, filhos dos assentados. “Eles não podem mudar de escola agora, no final do ano, por isso é importante atender esta demanda para não prejudicar o aprendizado destas crianças”, salientou a representante do MST.

De acordo com os moradores do assentamento “Nelson Mandela” – denominado em homenagem ao líder sul-africano –, existe a necessidade de fazer um cadastramento dos trabalhadores assentados, “já que a maioria é de Piracicaba e precisa de moradia”, disse Fátima. Ela sugere, ainda, que a Administração pode desenvolver um assentamento onde sejam cultivados alimentos a serem comercializados na rede de varejões municipais. “Se vocês forem lá no assentamento, vocês verão as hortas sendo desenvolvidas, também pode ser uma oportunidade de trabalho e comércio ambientalmente saudável”, defendeu.

O representante do INCRA, Antonio de Pádua Machado, disse que o instituto pode ser parceiro da Prefeitura no assentamento, semelhante ao que já acontece em Limeira e Americana. Machado detalhou o projeto “Casulo”, onde o INCRA entra com benefícios às famílias. “Em todos os locais onde há essa parceria o índice de violência diminui e desaparecem as disputas debaixo de viadutos”, salienta Machado, que aproveitou para fazer “apelo humanitário”. “Vamos encaminhar carta ao prefeito neste sentido”, finalizou.

A suspensão da reunião ordinária foi a pedido do vereador Chico Almeida (PT), o qual exigiu uma “tomada de posição” da Prefeitura. O seu companheiro de bancada, José Antonio Fernandes Paiva (PT), disse que “a gente poderia inovar”, e ressaltou a disposição do INCRA para que “possamos chegar a uma solução pacifica”.

SITUAÇÃO - O vereador João Manoel dos Santos (PTB), presidente da Câmara de Vereadores de Piracicaba, disse que já tinha feito encaminhamento para o agendamento de uma audiência pública entre o MST e o prefeito Gabriel Ferrato ao líder do Governo, vereador José Aparecido Longatto (PSDB). “Acredito que por algum motivo ainda não foi possível (agendar o encontro)”, disse João Manoel, que reforçou o seu pedido.