"Se eu precisar de um banheiro agora, você sabe onde posso encontrar?", indaga o repórter.

"Vixe, e agora? Talvez numa lanchonete?", disse, sem estar segura da resposta, a costureira Jaqueline Celestino, que veio de Santa Bárbara D'Oeste (SP) com marido, filha e mãe visitar a região da rua do Porto na tarde desta sexta-feira (19).

A pergunta, feita também a outros dois turistas que passeavam com familiares, gerou a mesma reação: dúvida. Afinal, trata-se de uma informação que ninguém sabe dar, já que não há banheiro público no trecho às margens do rio Piracicaba que mais atrai visitantes, perto do salto.

Os sanitários mais próximos estão localizados no Engenho Central ––o que obriga o usuário a atravessar a ponte pênsil–– e no Museu da Água, com horários de fechamento às 18h e 17h, respectivamente.

Para quem precisa usar o banheiro numa emergência ou à noite, o jeito é tentar recorrer ao toalete de lanchonetes e restaurantes ––em geral, o acesso é condicionado ao consumo de algum produto nesses locais.

Em casos de necessidade, alguns chegam a apelar até para as margens do rio, como relatam comerciantes e o aposentado Sebastião Ferreira Costa, 70. "A pessoa acaba tendo que ir debaixo da ponte ou no meio do mato", brincou o morador da Vila Sônia.

Ele, que caminhava com a sobrinha pelo calçadão nesta sexta-feira, disse ser "essencial" ter sanitários públicos no trecho. "Já era para ter sido feito, porque por aqui passam muitas pessoas, muitas crianças. Para quem bebe cerveja, então, a toda hora vamos ao banheiro", comentou.

A instalação de banheiros na região da rua do Porto vem sendo reivindicada pelo vereador Lair Braga (SD) desde o ano passado, quando assumiu mandato na Câmara. A cobrança gerou, inclusive, proposta de emenda ao Orçamento de 2018, rejeitada em plenário.

No entanto, as conversas do parlamentar com o Executivo para que a estrutura seja disponibilizada continuam. Lair Braga mantém contato com o prefeito Barjas Negri (PSDB) e a secretária municipal da Ação Cultural e do Turismo, Rosângela Camolese.

A alegação da Prefeitura é de que o trecho não pode comportar banheiros, caso eles sejam de alvenaria, porque a legislação impede construções desse tipo a menos de 100 metros da margem do rio. O vereador tem tentado, então, convencer o Executivo a optar pelos sanitários químicos.

"O município jamais se recusou a resolver o problema. Estamos conversando, só que está demorando. Se não pode fazer o banheiro de alvenaria, que sejam instalados os químicos, para que os turistas tenham melhores condições de vir aqui, principalmente crianças e idosos", comentou o parlamentar.

A sugestão de Lair Braga, que esteve na rua do Porto nesta sexta-feira para conversar com frequentadores e comerciantes, é a mesma dada pelo vendedor Éder Casque, que passeava com a mulher e os dois filhos ––ele costuma visitar a região duas vezes por mês.

"Precisa de dois banheiros masculinos e dois femininos aqui, nem que sejam químicos", afirmou Éder, que coincidentemente falava com a esposa sobre o tema minutos antes de ser abordado pela reportagem.

Há 23 anos à frente de um quiosque às margens do rio, onde vende de água de coco a petiscos, Rosivaldo Aparecido Franco, o Tetê, calcula em 5 mil o número de pessoas que circulam pela região a cada fim de semana.

"O turista, quando vem, até reclama com a gente, parece que é a gente que não quer pôr o banheiro aqui. Eu falo: 'Entre em contato então com a Prefeitura, pelo 156, que isso ajuda a reforçar nosso pedido pela instalação'", diz Tetê, cujo comércio, ao lado de outros três, está situado em frente ao ponto em que se observa o salto do rio Piracicaba.

Lair Braga ressalta que a melhora na estrutura em torno do cartão-postal mais visitado da cidade atrairia mais visitantes e repercutiria na economia do município.

"Não tem melhor fonte de divisas que o turismo, então precisamos incentivar esse setor. Tanto o turista quanto o piracicabano precisam ter as mínimas condições para visitar a rua do Porto", pontuou o vereador, cobrando a instalação de banheiros químicos também na avenida Renato Wagner, que passou a atrair grande número de pessoas após ser revitalizada.