A Escola do Legislativo, da Câmara de Vereadores de Piracicaba, superou a marca de 3 mil participações nos eventos que promoveu em 2020, aproximando-se das quase 10 mil desde seu início, em 2017. O balanço das atividades no quadriênio foi divulgado ao público nesta segunda-feira (14), em live transmitida pelo aplicativo Zoom e pelo YouTube.

Mesmo com a interferência da pandemia da Covid-19 no planejamento do ano, a bem-sucedida transferência do conteúdo para as plataformas on-line acabou permitindo que mais pessoas acompanhassem as transmissões ao vivo de palestras, oficinas e cursos. Foram 3.021 participações nos 70 encontros das 58 atividades promovidas em 2020.

Em seus quatro primeiros anos de funcionamento, a Escola do Legislativo chega a 265 atividades (todas oferecidas gratuitamente), desdobradas em 387 encontros (já que, por exemplo, um curso pode ser realizado em dois ou mais dias). Foram 57 atividades e 101 encontros em 2017, 74 e 108 em 2018, 76 e 108 em 2019 e 58 e 70 em 2020, respectivamente.

Já o número de participações alcançou 9.898 ao fim de quatro anos, com 1.956 em 2017, 2.592 em 2018, 2.329 em 2019 e 3.021 em 2020. A campanha de arrecadação de leite longa vida, estimulada pela Câmara para ajudar entidades sociais, resultou até hoje na doação de 2.640 litros a 11 instituições da cidade.

Diretora da Escola do Legislativo, a vereadora Nancy Thame (PV) apresentou os números durante a live e destacou o alcance dos eventos mesmo com os desafios impostos pelo isolamento social. Ela observou que as atividades on-line, apesar de não contarem com o diferencial da presença e interação física entre professores e alunos, possibilitaram a participação de pessoas de outras cidades e estados.

Nancy Thame, que comandou a Escola do Legislativo desde 2017 e encerra, no próximo dia 31, seu mandato como vereadora na Câmara, enalteceu o papel do conselho, responsável por definir o conteúdo programático, e da equipe de apoio. "Um time que fez com que esse projeto fosse um sucesso. A Escola esteve aberta o tempo inteiro, sempre procurando colocar um conceito e visões diversas nessa construção", destacou.

Além da parlamentar, compõem o conselho da Escola do Legislativo o vice-presidente da Câmara, Pedro Kawai (PSDB), os diretores dos departamentos de Assuntos Legislativos, Fábio Dionísio (também coordenador da Escola), e de Administração, Mauro Rontani, a professora Heliani Berlato dos Santos, da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo), e o professor José Adam Lazier, da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba).

CONTEÚDO DIVERSO - Ao destacar que o conteúdo pode ser conferido no canal da Escola do Legislativo no YouTube, atualmente com 264 vídeos e 833 inscritos, Nancy Thame chamou a atenção para a diversidade de "temas incríveis" abordados nas atividades ao longo dos quatro anos, a exemplo do ciclo de palestras "Pensando o Território", que "influenciou muito" as pessoas que depois vieram a participar das discussões sobre a revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento de Piracicaba.

Desde 2017, a relação de oficinas, palestras e qualificações oferecidas gratuitamente pela Escola do Legislativo transitou pelas áreas de educação, saúde, desenvolvimento pessoal e profissional, segurança alimentar e nutricional, sustentabilidade, democracia, iniciação política, direitos humanos, gestão e políticas públicas e economia, além de cursos de formação, tanto para o corpo de servidores da Câmara quanto para o público externo, a exemplo da formação em técnico legislativo, oferecida em parceria com a Etec, do governo estadual.

Uma das voluntárias que estiveram à frente das atividades, a professora Tais Lacerda, da Unimep, agradeceu à vereadora "a oportunidade de levar a universidade para dentro da escola". A docente contou que os cursos que trouxe, como o "Cidade para Todos" e o de empreendedorismo no ramo de alimentação, seriam originalmente especializações em nível superior, com todo o projeto pedagógico formatado por ela, mas que acabaram sendo oferecidos gratuitamente pela Escola do Legislativo. "Sempre trabalhei voluntariamente para a cidade, todo mundo deveria se doar um pouco. Para mim, foi muito importante ter esse espaço para popularizar esses temas."

Assídua participante dos eventos da Escola do Legislativo, Maria Cristina Succar Tacla falou de sua relação com a iniciativa da Câmara. "Sou de uma geração em que nada disso existia, tínhamos outro tipo de formação, e o grande encontro de gerações que a Escola do Legislativo promoveu eu acho incrível. Essa troca de experiências é um aprendizado que muito me acrescentou. A formação dessa massa crítica é imprescindível para que a sociedade possa avaliar qual o melhor caminho para a comunidade. Agradeço demais e vou continuar participando."

Lazier disse que, para além da análise dos números, a importância da Escola do Legislativo deve ser dimensionada por seu papel na sociedade. "A contribuição em termos de formação e de promover a reflexão, a discussão e a conscientização acerca do valor da cidadania não tem como medir. Isso se materializa nas vivências das pessoas a partir de interações como as que tivemos aqui." O professor e conselheiro ressaltou que a Escola do Legislativo "fez muita coisa, partindo praticamente do zero". "Ela foi sendo construída a partir de um compromisso com a cidadania, a democracia e a formação cidadã, seja dos funcionários, assessores e vereadores, seja do cidadão de Piracicaba."

Lazier defendeu que a Escola do Legislativo siga oferecendo à sociedade "essa cultura da paz para combater a cultura do medo, da violência, da guerra e da morte e a negação sistemática da dignidade humana". "A Escola do Legislativo fez esse enfrentamento com coragem, sabendo inclusive das implicações de se tratar de temas que muitas vezes ficam à margem", comentou.

Também conselheira, Heliani destacou a necessidade de "reconhecer que todas as pautas são importantes" e de "pensar a Escola como instrumento de educação, pois é só com ela que incluímos e ressaltamos a dignidade humana". "A inclusão nada é mais que o olhar de respeito. Falar dela é reconhecer a desigualdade que há no país", completou.