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28 DE JUNHO DE 2024

'Brincar desenvolve o corpo, a mente e o sentir', diz neuropedagoga


"O brincar não é só para a criança; o brincar não tem idade", afirmou Marta Vieira Manzan, durante palestra on-line realizada pela Escola do Legislativo



EM PIRACICABA (SP)  

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Palestra foi realizada de forma on-line, na tarde desta sexta-feira





"Se você não brinca, o que te impede de brincar?" Com essa frase, Marta Vieira Manzan, neuropedagoga, psicomotricista e educadora parental, instigou o público que assistiu à palestra on-line realizada pela Escola do Legislativo, da Câmara Municipal de Piracicaba, na tarde desta sexta-feira (28). A atividade "A importância do brincar no desenvolvimento humano" teve transmissão ao vivo pelo canal da Escola no YouTube.

Carrinho de rolimã, passa-passa, fazer roda e esconde-esconde foram algumas das brincadeiras tradicionais citadas pela palestrante como "instintivas" nas crianças. "A roda é o aparato tecnológico mais avançado que existe para ensinar as crianças, que sabem que isso contribui para um todo, pois é preciso equilíbrio para se ajustar aos movimentos. A roda ensina a nos entregarmos a um bem maior", explicou.

Marta explicou que as brincadeiras "desenvolvem o corpo, a mente e o sentir" ao mesmo tempo e que a infância é a fase em que a criança toma consciência do corpo, entre descobertas como sentimentos, imaginações, raciocínios e pertencimento, sendo este último "uma necessidade básica e instintiva". "A necessidade de pertencer faz o ser humano abrir mão de quem realmente é: 'Deixo de ser eu para fazer parte de um grupo'", comentou.

POR QUE BRINCAR É IMPORTANTE? "Você ainda brinca? Como e quando brinca?" Com perguntas ao público que acompanhou a palestra on-line, Marta observou que, aos olhos das pessoas, "parece tão simples apenas brincar", mas a importância da prática vai além.

De acordo com a neuropedagoga, o cérebro, embora nasça "pronto", precisa passar por determinadas situações de amadurecimento até que se torne "apto a funcionar". Esse desenvolvimento, segundo Marta, fecha-se por volta dos 25 anos. Ao longo desse período, o ser humano lança mão de ferramentas para sobreviver, como estar em grupos, por exemplo. "A nossa inteligência não vem do útero e, sim, experenciando. Assim como a criança que, enquanto brinca, se desenvolve", atestou Marta.

A educadora observou que, para algumas pessoas, passa despercebida a seriedade do que é brincar, de modo que é importante permitir à criança a capacidade de sentir e se desenvolver. "Muita gente se preocupa em educar e tira a criança do brincar. A criança nasce muito conectada com o sentir dela. Precisamos estar muito conectados com nossas crianças: ela quer o toque, sentir a presença para se desenvolver."

"A criança é imersa no sentir dela, ainda não tem capacidade de elaborar. Ela tem um mundo exploratório; isso é o brincar", disse Marta, que levou as pessoas mais uma vez a se perguntarem de que forma estão ajudando as crianças a desenvolverem a capacidade sensorial delas. "A conexão faz toda a diferença", ressaltou.

A neuropedagoga chamou a atenção para dados que apontam o Brasil como o 44º entre 64 países em que foi avaliada a criatividade de adolescentes por volta de 15 anos. "A criatividade de nossas crianças é muito baixa. É muito importante que busquemos conhecer mais sobre o desenvolvimento humano", argumentou. "A criança tem o direito de poder ser criança. Porque, se atropelarmos esse processo, estamos indo literalmente contra a natureza humana."

Marta ainda comentou sobre o isolamento perceptível em parcela da sociedade, na qual, segundo a educadora, o indivíduo se tornou refém da indústria de brinquedos e cibernética, o que o fez perder o contato com outras pessoas e a capacidade de interação social. "Isso reduz a empatia e conduz ao vazio emocional", refletiu.



Texto:  Elisandra C. de Campos


Escola do Legislativo

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