12 DE MAIO DE 2020
A palestra 'Alimentação e qualidade de vida para pessoas com desordens relacionadas ao glúten' integra a programação da 3ª Semana de Conscientização da Alergia Alimentar
A palestra foi transmitida, ao vivo, pela plataforma virtual Zoom e pelo Youtube
A primeira palestra do curso ‘Alergias alimentares: aspectos de saúde, alimentação e qualidade de vida para uma inclusão social segura’ ocorreu na tarde desta terça-feira (12) e falou sobre a qualidade de vida para pessoas com desordens relacionadas ao glúten. A palestra foi transmitida pela internet, ao vivo, na plataforma virtual Zoom e simultaneamente no canal do Youtube da Escola do Legislativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba.
A nutricionista Juliana Crucinsky, consultora técnica da Associação dos Celíacos do Brasil – RJ e palestrante convidada explicou aos participantes da palestra ‘Alimentação e qualidade de vida para pessoas com desordens relacionadas ao glúten’ sobre a nutrição adequada e os cuidados que os celíacos (portadores da doença celíaca) e alérgicos ao glúten precisam ter na alimentação e no preparo dos alimentos. De acordo com a nutricionista, são três as principais desordens relacionadas ao glúten: alergia ao trigo – causada pela ingestão, contato com a pele e inalação de partículas; a doença celíaca – causada pela ingestão de glúten; e a dermatite herpetiforme – causada pela ingestão e contato com o glúten cujo quadro clínico mais evidente são feridas na pele.
Para Juliana Crucinsky os cuidados vão além de evitar comer alimentos que contém glúten, mas também evitar a ingestão de partículas de trigo ou de glúten por meio da "contaminação cruzada". Segundo ela, partículas de trigo no ambiente contaminam bancadas, utensílios e alimentos já higienizados, causando “alto risco de reações em alérgicos e celíacos”.
A palestrante convidada também alertou para a contaminação cruzada no ambiente hospitalar por causa da dificuldade em existir uma “alimentação separada das demais”. A ingestão de glúten pela contaminação cruzada, segundo a nutricionista, provoca implicações como o aumento da resposta inflamatória da doença que fez o paciente ser internado, susceptibilidade a infecções, dificuldade de cicatrização, atraso na alta e consequente aumento de custos com a internação hospitalar. “Ele acaba piorando o estado de saúde em função da alimentação que recebeu no hospital, a alimentação que deveria contribuir para melhora acaba sendo um veículo que vai contribuir para piora do estado geral, isso é uma grande preocupação que nós temos”, afirmou.
A nutricionista ainda deu sugestões de alimentos que podem substituir o glúten “sem causar deficiências nutricionais” nas demais pessoas, garantindo, ainda, a “segurança das pessoas celíacas e alérgicas”. São eles: alimentos de maior densidade nutricional (fibras, vitaminas, minerais); alimentos frescos; alimentos com menor exposição aos agrotóxicos; agricultura familiar e orgânica; alimentos regionais da época e possíveis substitutos do trigo, como tapioca, fubá, milho e farinhas sem glúten.
Ester Cândido Benatti, secretária-executiva da Fenacelbra (Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil) e palestrante convidada participou diretamente de Porto Alegre. Ela ressaltou a importância da união das pessoas com alergias alimentares para as conquistas realizadas no decorrer dos anos, principalmente em relação à alimentação escolar, no entanto, salientou que ainda existe “um longo caminho a percorrer”. Para Ester Benatti, a vida das pessoas com restrição alimentar fora da própria casa só vai melhorar se todos trabalharem coletivamente e desabafou: “Não adianta a gente querer gritar se for uma voz só”.
As integrantes do Coletivo Acolhimento Alimentar, Érica Speglish e Heloize Milano foram as mediadoras do curso. Heloize Milano citou as conquistas dos alunos com alergias alimentares, em Piracicaba, depois da promulgação da lei 12.982/2014, que dá a eles direito a um “cardápio especial com base em recomendações médicas e nutricionais”. Ela contou que o Coletivo começou uma mobilização enquanto sociedade civil para que os alimentos previstos na legislação de 2014 fossem adquiridos pelo município. “Em 2019 houve a primeira licitação para alimento diferenciado no ambiente escolar e foi uma grande conquista. A gente espera que essas conquistas só avancem”, completou.
A palestra desta terça integra a programação da 3ª Semana da Conscientização da Alergia Alimentar de Piracicaba. Nos dias 14 e 15 de maio os palestrantes convidados irão abordar, respectivamente, os temas 'Anafilaxia Alimentar: Aspectos de saúde e inclusão’ e ‘Inclusão social segura do alérgico alimentar’.
A vereadora Nancy Thame (PV), diretora da Escola do Legislativo, destacou a importância do ciclo de palestras: “A alergia alimentar é considerada um problema de saúde pública, com a prevalência das alergias na população estimada em aproximadamente 6% das crianças e 3,5% dos adultos. Assim, o objetivo desse curso é dar visibilidade ao tema e ampliar o acesso ao conhecimento sobre os direitos dos alérgicos e de demais pessoas com necessidades alimentares especiais. Para esse trabalho tem sido fundamental a parceria com o Coletivo Acolhimento Alimentar Piracicaba, que tem um trabalho efetivo junto aos alérgicos e suas famílias."