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28 DE NOVEMBRO DE 2019

Religiosos desmistificam preconceitos associados às suas crenças


Felipe Bicudo e Mam'etu Yademaza participaram, nesta quinta-feira, do programa "Câmara Convida".



EM PIRACICABA (SP)  

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Entrevistados buscaram desmistificar mitos e preconceitos que cercam a umbanda, o candomblé e suas práticas

Entrevistados buscaram desmistificar mitos e preconceitos que cercam a umbanda, o candomblé e suas práticas
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Entrevistados buscaram desmistificar mitos e preconceitos que cercam a umbanda, o candomblé e suas práticas

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Entrevistados buscaram desmistificar mitos e preconceitos que cercam a umbanda, o candomblé e suas práticas

Entrevistados buscaram desmistificar mitos e preconceitos que cercam a umbanda, o candomblé e suas práticas
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Entrevistados buscaram desmistificar mitos e preconceitos que cercam a umbanda, o candomblé e suas práticas



As religiões de matriz africana, incorporadas há muito tempo na cultura brasileira, quando os primeiros escravos chegaram ao Brasil, ainda são o principal alvo de intolerância no país. Na tarde desta quinta-feira (28), em entrevista ao programa "Câmara Convida", da TV Câmara, o pai de santo Felipe Bicudo e a mãe de santo Mam'etu Yademaza buscaram desmistificar mitos e preconceitos que cercam a umbanda, o candomblé e suas práticas.

O evento integra a Semana de Religiões Afrobrasileiras, por ocasião da Semana Municipal da Consciência Negra, promovida pelo vereador Marcos Abdala (REP).

Mam'etu Yademaza, nome que, traduzindo, quer dizer "mãe que tem poder da água", é a primeira juremeira tombada e a única proprietária de casa de jurema preta na cidade. Ela explicou que a jurema, disseminada há pouco tempo em algumas regiões brasileiras, é uma umbanda primitiva, como se fosse um braço do espiritismo no país.

A tradição religiosa é caracterizada pela planta popularmente conhecida no Nordeste por jurema. "Trabalhamos tudo na intenção da fumaça. Desde pedir até agradecer. Coloca-se o fumo dentro do cachimbo e usa-se a fumaça para curar doenças, energizar e proteger", explicou. Segundo ela, a umbanda e o candomblé são as religiões que mais atraem as chamadas "minorias", pela capacidade de acolhida que têm.

"Não tenho vergonha da minha religião, tampouco de ser como eu sou. O preconceito está dentro de nós. Deus é tão maravilhoso que, na sua infinita misericórdia, colocou várias religiões no mundo para que todos pudessem servi-lo, de uma forma ou de outra. Enquanto a maioria das pessoas briga por nomenclatura, nós cultuamos o amor e é isso que temos a oferecer", afirmou.

Para Mam'etu Yademaza, a religião é apenas uma questão de índole. "Se você tem um coração ruim, sua energia negativa já entrou em contato com o universo e já concretizou a maldade. Aquilo que fazemos de mau é o que recebemos de volta. Não existe isso de 'fazer macumba' para alguém; se você tiver fé, a maldade não te alcança. Somos salvos, unicamente, pela nossa fé", refletiu.

O candomblecista Felipe Bicudo disse que, embora a maioria da população acredite que as encruzilhadas deixadas nas ruas e esquinas da cidade façam parte dessas religiões, o candomblé, contudo, professa o bem. "Esse tipo de trabalho não faz parte da nossa cultura. Quem faz esse tipo de coisa certamente é uma pessoa desorientada. Nós pensamos no meio ambiente e na saúde das pessoas, não temos nada com isso", esclareceu.

Felipe Bicudo explicou, ainda, que a imolação animal, feita de maneira empática pelos adeptos, e o seu consumo são práticas essenciais na perpetuação da religião. "Nós não sacrificamos constantemente os animais como o senso comum diz. Nós nos preocupamos pela alma deles e rezamos para que tenham uma morte calma. Essa é uma necessidade vinda dos nossos antepassados: quando imolamos um animal, nasce um novo orixá. O ritual é para nós como se fosse o batismo das religiões tradicionais", elucidou.

Segundo ele, sempre que se fala em candomblé e umbanda, não se fala da questão religiosa, mas, sim, da macumba. "As pessoas chegam fragilizadas aos nossos terreiros e temos elementos a oferecê-las que são capazes de neutralizar todas as suas energias negativas. Não é preciso ter religião para praticar macumba; a maldade está nas pessoas. Dentro da linguagem africana, 'macumba' quer dizer 'festa', 'alegria'. A desinformação e a intolerância, no entanto, matam", advertiu.

Em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado no último dia 20, a Câmara promove, ainda, nesta sexta-feira (29), às 14h40, o último evento da Semana de Religiões Afrobrasileiras. Ao vivo na TV Câmara, Vânia Soares, secretária executiva do Fórum Inter-religioso para uma Cultura de Paz e Liberdade de Crença, da Secretaria Estadual da Justiça e Cidadania, falará sobre as políticas do governo de São Paulo para a população negra.

O programa será transmitido pela TV Câmara e pelos perfis no Facebook e no Youtube da Câmara.



Texto:  Raquel Soares
Revisão:  Ricardo Vasques - MTB 49.918


Cultura Marcos Abdala

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