18 DE SETEMBRO DE 2019
Programação teve início na manhã desta quarta-feira no Salão Nobre
Deficiências visual, auditiva, física e intelectual foram abordadas no período da manhã
A Câmara de Vereadores de Piracicaba recebe o 1° Seminário municipal sobre inclusão das pessoas com deficiência, no Salão Nobre Helly de Campos Melges. Presidente e vice-presidente da Casa de Leis, os vereadores Gilmar Rotta (MDB) e Pedro Kawai (PSDB) fizeram a abertura da programação, às 9h desta quarta-feira (18), que teve ainda a participação do vereador André Bandeira (PSDB) e dos presidentes dos conselhos municipal (Comdef) e estadual (Ceapcd) das pessoas com deficiência, Ademir Barbosa e Francisco Nuncio Cerignoni.
O presidente Gilmar Rotta elogiou a representatividade de Piracicaba no Ceapcd e disse que a aproximação com o Poder Legislativo, ao acolher o evento, demonstra a preocupação dos parlamentares com a temática. “A Câmara quer que as pessoas participem do seu dia a dia e, para isso, tem buscado mecanismos para que essa aproximação ocorra de forma efetiva. Este seminário é apenas um dos exemplos”, declarou o parlamentar.
O vereador Pedro Kawai, vice-presidente do Legislativo, citou a criação do projeto Câmara Inclusiva, desenvolvido desde o primeiro semestre e que conta com a parceria de entidades ligadas às pessoas com deficiência para aprimorar a acessibilidade das estruturas da Casa de Leis. “A construção de qualquer política pública passa pelo poder público, mas também pela participação popular. Ao discutirmos com diferentes atores os problemas, as chances de acertamos são maiores”, classificou.
Os desafios para as pessoas com deficiência auditiva integraram as explanações de Raquel Moreno. Ela destacou os conceitos de diversidade e inclusão, como ainda os aspectos psicológicos relacionados ao mercado de trabalho. Raquel informou que a população surda deve chegar a 900 milhões de pessoas em 2050, conforme a OMS (Organização Mundial da Saúde). “O Brasil, como um dos países mais diversos, é um dos que menos trabalha pela inclusão. A diversidade é a abertura para a inovação.”
Já o fisioterapeuta e ergonomista Elder Prado trouxe para o seminário os desafios para as pessoas com deficiência físicas e motoras. Segundo ele, a inclusão profissional é um dos principais problemas e, segundo dados do IBGE, a população com deficiência em idade produtiva é de 31 milhões de pessoas. Os pilares saúde, habitação, formação, reabilitação e transporte foram abordados por ele, que tratou ainda das barreiras arquitetônicas, tecnológicas e comunicacional.
Sobre as barreiras para a inclusão na deficiência intelectual, Euclídia Maria Fioravante lembrou que “a deficiência não é da pessoa, está na interação com as barreiras, que podem impedir a participação plena da pessoa”.
Como exemplo, Euclídia deu a voz a Rafael Ramos, deficiente intelectual que é funcionário da Caterpillar: “Estou indo muito bem na minha rotina. No meu serviço, tenho bastante orgulho do meu trabalho”, declarou ele, que se descobriu poeta, quer fazer faculdade de letras e já leu a saga de Harry Potter, o Diário de Anne Frank e O Mundo de Sofia.
Euclídia lembrou que se a família tem uma criança e não acredita na sua potencialidade, ela não terá vivências e, por isso, não se desenvolverá. “São as relações de vida que vão definir se a pessoa é mais ou menos deficiente”, ponderou, ao reforçar a máxima de que existem generalizações indevidas em torno do tema, incluindo na escola.
Os principais exemplos das dificuldades das pessoas cegas foram elencados por Wander Viana dos Santos. “O mundo é todo visual, especialmente na era da tecnologia. Os textos estão sendo feitos em formato de imagem e não se pensa no global”, disse ele, ao lembrar que um dos principais pontos é a barreira da comunicação. “A gente busca os meios para se equiparar ao outro. A dificuldade é o outro nos ver como seres de direito iguais aos dele. A principal barreira é a desinformação. A barreira atitudinal para o cego é a pior”, declarou.
ABERTURA – Além de destacar a proximidade com a Câmara no processo de tomada de decisões em prol das pessoas com deficiência, Francisco Cerignoni reforçou a luta diária em torno das garantias e cumprimentos dos direitos. “É um tema que, para nós, é muito caro. Queremos ser protagonistas de nossas vidas e construir a nossa própria história.”
Secretária-executiva do Ceapcd, Letícia Peres Farias Françoso reforçou a necessidade de os direitos das pessoas com deficiência serem respeitados. “Somos seres de direito e que queremos estar nos espaços da sociedade. Pertencemos a este e vários outros lugares e, desta forma, trazemos nossas demandas.”
Na opinião do vereador André Bandeira, a sociedade deve estar cada vez mais inclusiva. “Esse processo começa com a participação das pessoas. Nesse sentido, como representantes públicos, nossa função é a de levar a informação, para combater preconceitos e quebrar barreiras”, declarou ele, ao reforçar a campanha para que Piracicaba receba uma unidade da Rede Lucy Montoro.
Ainda na abertura da programação, Ademir Barbosa elencou conquistas do Comdef no município, fruto da interlocução com a Administração. “Esse seminário representa o respeito que a população tem por nós. Não podemos mais ficarmos reservados ao papel de ‘coitadinho’, temos que levar nossos ideais a diferentes locais”, disse.