24 DE MARÇO DE 2017
'Reajuste zero é impossível admitir', disse o presidente Matheus Erler, que se propôs a formar com o sindicato dos servidores comissão para negociar com o Executivo.
Servidores públicos vieram à frente da Câmara protestar contra proposta do Executivo
Centenas de servidores municipais protestaram em frente à sede da Câmara de Vereadores de Piracicaba, na noite desta quinta-feira (23), contra a proposta do governo Barjas Negri (PSDB) de não reajustar os salários do funcionalismo em 2017. A categoria, que reúne cerca de 8 mil trabalhadores, reivindica reposição salarial de 5,08%, mais abono de R$ 100.
Os manifestantes chegaram ao prédio principal do Legislativo após caminhada desde a rua Ipiranga, onde ocorreu a assembleia que estipulou prazo de 10 dias para o chefe do Executivo abrir negociação sobre o reajuste. Se ela não ocorrer, nova reunião deve ser convocada pelo sindicato para definir se haverá paralisação nos serviços públicos.
Em 2016, os vencimentos dos funcionários públicos municipais foram reajustados em 10,52%, correspondente à compensação decorrente das perdas inflacionárias dos 12 meses anteriores. Na ocasião, o então prefeito Gabriel Ferrato (PSB) concedeu a recomposição salarial que havia sido aprovada em assembleia dos servidores.
Ferrato disse, na época, que "lamentavelmente, o quadro de redução da arrecadação não permite que mantenhamos os ganhos de anos anteriores, sob pena de colocarmos em risco a saúde financeira da Prefeitura e suas autarquias e, com isso, comprometermos a qualidade dos serviços públicos que prestamos aos nossos cidadãos".
"Diante dessa situação e dos primeiros resultados de 2016, que mostram nossas principais receitas crescendo abaixo da inflação, o que podemos fazer, neste ano [2016], é oferecer um reajuste que preserve o poder aquisitivo dos vencimentos dos servidores, segundo a média da cesta de índices oficiais de custo de vida e inflação", completou o ex-prefeito.
LADOS - Nesta semana, Barjas Negri também afirmou, como Ferrato, que as principais fontes de receita crescem abaixo do índice inflacionário. A Prefeitura estima déficit de R$ 65,1 milhões nas receitas em 2017, ao qual se somam R$ 20,9 milhões de dívidas com a Santa Casa e o Hospital dos Fornecedores de Cana contraídas em 2015 e 2016.
Já Ferrato, em carta aberta aos servidores públicos municipais, declarou que encerrou seu mandato, em 31 de dezembro passado, deixando na Prefeitura R$ 74 milhões em caixa, além de um superávit financeiro de R$ 33 milhões, "que permaneceram em caixa e ficaram à disposição da atual administração".
Pouco depois das 20h desta quinta-feira, o presidente da Câmara, Matheus Erler (PTB), suspendeu a reunião ordinária por cerca de 20 minutos para liberar os vereadores para conversar com os servidores que promoviam o protesto em frente ao prédio do Legislativo. Erler disse que a proposta do Executivo, de reajuste zero, "é impossível admitir".
"Os servidores públicos fazem um trabalho de extrema importância para Piracicaba. Para que a cidade possa continuar progredindo e saia dessa crise, nós precisamos dos servidores. A valorização deles está umbilicalmente ligada ao reajuste salarial. Não tem como valorizarmos um profissional se ele não for bem remunerado. Um reajuste zero é impossível admitir", declarou Erler, logo após reabrir a reunião ordinária.
O presidente da Câmara comprometeu-se a se reunir na próxima semana com o Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Piracicaba a fim de formar uma comissão para negociar com o Executivo.