O vereador Carlos Gomes da Silva, o Capitão Gomes (PP) ocupou a Tribuna da Câmara, na reunião ordinária de ontem (15) para destacar o alerta que o Jornal de Piracicaba, por intermédio de matérias específicas externiza a preocupação de setores da sociedade, principalmente comerciantes com relação ao funcionamento do Big Brother.

A consideração é que o Jornal também reservou o editorial para comentar sobre o sistema em Piracicaba.

Capitão Gomes criticou a forma como o sistema foi anunciado em Piracicaba. "Como militar, entendo que a camuflagem, a simulação e dissimulação seriam as melhores formas na colocação das câmeras", disse.

Porém, Capitão Gomes avalia como positivo o fato das câmeras não terem registrado muitas ocorrências, o que vem mostrar a eficiência do sistema na prevenção contra o crime.

Na edição do último dia 13 de março, o Jornal de Piracicaba divulgou:

Alerta ao Big Brother
 
 
Apresentado como um sistema de grande eficiência, a prática do Big Brother começa a dar sinais da necessidade de ajustes. O monitoramento feito desde o dia 17 de fevereiro por 31 câmeras, sendo 14 na região central, 12 nos corredores comerciais e cinco nos terminais, não conseguiu captar, de acordo com balanço da Guarda Civil, responsável pela central do sistema, nenhum crime e provocou apenas abordagens em pessoas consideradas suspeitas.

A primeira análise que poderia ser feita é que os crimes não foram captados porque não ocorreram. Os criminosos, sabendo da existência do sistema de monitoramento, escolheriam outros pontos para agir.

Reportagem publicada hoje pelo JP mostra, no entanto, que esta não é a realidade. O aparato que custou R$ 1,1 milhão aos cofres públicos não está garantindo a tranqüilidade que comerciantes da região esperavam.

Ao JP eles relataram ocorrências que, pelo menos em tese, ocorreram em uma área que é coberta não por uma, mas por três câmeras.

Ao que tudo indica, não são ações isoladas, já que a Polícia Civil solicitou imagens de ao menos 12 ocorrências registradas desde que o Big Brother foi implantado.

Nem tudo está perdido, já que os registros feitos pelas câmeras, que conseguem imagens com perfeição em 360 graus a até 280 metros do ponto de instalação serão usadas pelos policiais nas investigações. A imagem é considerada primordial para a investigação e possível indiciamento dos envolvidos, mas o flagrante do delito permitiria a prisão imediata dos criminosos e, dependendo do caso, a recuperação de objetos roubados, por exemplo.

O comandante da Guarda Civil, capitão Silas Romualdo, responsável pela central de monitoramento do sistema que também recebe verba do Funseg (Fundo de Segurança de Piracicaba) praticamente descartou a hipótese de algum crime passar desapercebido pelos operadores. Disse também que alguns casos podem ter acontecido durante a manutenção do sistema e ainda que a observação é feita durante 24 horas, mas o risco de se perder algo é pequeno.

Relatos como o dos comerciantes mostrados em matéria publicada hoje parecem indicar que o risco não é tão pequeno quanto se estima.

O comerciante P.C.V., por exemplo, teve seu estabelecimento invadido em menos de 24 horas após inauguração do sistema. Ao chegar ao seu local de trabalho, viu a porta arrombada e notou a falta de 20 caixas de cerveja, 40 pacotes de cigarro e um aparelho de DVD. “Fico indignado em saber que têm três câmeras ao lado e ninguém viu”, afirmou.

Outro comerciante mostrou perplexidade. A porta de aço de seu estabelecimento, localizado em área monitorada por duas câmeras, foi arrombada, o que provocou prejuízo de R$ 400.

Se o sistema é mesmo tão bom quanto foi apresentado, ele dá sinais claros que mudanças na forma que está sendo colocado em prática são mais que urgentes.

MARTIM VIEIRA MTB 21.939
FOTO: FABRICE DESMONTS MTB 22.946
FONTE: JORNAL DE PIRACICABA