05 DE JUNHO DE 2019
Vereadora participou, nesta quarta-feira (5), da mesa redonda “O fortalecimento da agricultura familiar em Piracicaba”
Vereadora Nancy Thame (PSDB) defende a discussão no âmbito do Plano Diretor
Os desafios da Zona Rural devem fazer parte das discussões em torno do Plano Diretor do Município, projeto que deve ser encaminhado pelo Legislativo. A posição da vereadora Nancy Thame (PSDB) foi reafirmada, na tarde desta quarta-feira (5), na mesa redonda “O fortalecimento da agricultura familiar em Piracicaba”, evento da Semana do Meio Ambiente, organizada pela Esalq/USP.
“O Comder (Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural) fez um projeto maravilhoso, mas, até agora, o PDM não aborda nada”, disse a parlamentar. Coautora do Fórum de Gestão e Planejamento Territorial Sustentável, Nancy tem colocado a preocupação em torno do incentivo à diversificação da produção rural, em uma região que vive realidade do arrendamento das propriedades para a cana-de-açúcar.
“É um contexto amplo, passa por um diagnóstico de onde estamos, de como as propriedades estão sendo utilizadas, mas também devemos pensar na cadeia alimentar, no fomento da produção”, acrescentou, ao lembrar que existem leis de incentivo e, ainda, a possibilidade de buscar a parceria tecnológica e científica com a Esalq.
O evento desta tarde contou com representantes de órgãos públicos, estaduais, municipais e acadêmicos, que atuam diretamente com os produtores rurais. A engenheira agrônoma Evelise Moncaio, da Sema (Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento), detalhou a atuação da pasta na manutenção das estradas rurais e no fomento à produção, a partir dos 30 varejões municipais, onde é comercializado cerca de 250 toneladas de produtos toda semana.
“A gente precisa do Legislativo e da academia para valorizar ainda mais a agricultura familiar”, disse Evelise. Dentre as propostas, ela sugeriu a formação de um sistema municipal para comercialização junto às merendas, criando demanda para o produtor rural.
Sabrina Bakker, coordenadora estadual do Desenvolvimento Rural Sustentável (antiga CATI), apresentou dados sobre a produção agrícola, responsável por apenas cerca de 15% da área do Município – a cana-de-açúcar cobre 36% e pastagem, 23%. Ela informou que existem, cadastrados, 120 agricultores familiares, sendo que 30% atua com horticultura, 20% bovino de corte, 12% leite e 12% pescados.
“A dificuldade maior é sempre no escoamento dos produtos”, disse ela, ao lembrar que os agricultores utilizam os varejões municipais, mas também em vendas diretas e pequenos mercados de bairro.
O professor Ademir de Luca apresentou experiências de projetos de extensão voltados à agricultura familiar, como a Coopamsp (Cooperativa dos Produtores Agropecuários de São Pedro), onde cerca de 100 cooperados, a maioria produtor de leite, desenvolveu uma rede distribuição no Município vizinho. “É preciso ter foco no produtor, não apenas na produção e no mercado”, disse.
Thais Vieira, professora e presidente da Comissão de Graduação da Esalq, destacou a necessidade de discutir o papel da universidade na formação de profissionais sensíveis às demandas do agricultor familiar, o qual tem papel fundamental na segurança alimentar. “Essa discussão nos coloca alguns desafios, inclusive o de rever a estrutura curricular dos cursos oferecidos”, disse.
O evento contou com a participação do diretor da Esalq, Durval Dourado Neto, e de professores e estudantes da universidade.