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22 DE MARÇO DE 2017

Defasagem de material ameaça Reciclador Solidário


Em audiência pública na Câmara, vereadores repudiaram situação da cooperativa, que pode acabar por falta de matéria-prima



EM PIRACICABA (SP)  

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A Cooperativa Reciclador Solidário sofre com queda na quantidade de material reciclável por conta da atual estrutura de trabalho. Na tarde desta quarta-feira (22), a Câmara de Vereadores de Piracicaba realizou audiência pública sobre o assunto, numa iniciativa do vereador Paulo Campos (PSD), e as informações dão conta que, na atual circunstância, a cooperativa corre o risco de ser fechada, devido à condição de trabalho e matéria-prima. 

“Não se trata de favor, mas de um direito básico”, disse Alexandra Faccioli Martins, promotora de Justiça do Gaema Piracicaba. Ela apresentou um dossiê onde aponta as condições precárias de atuação da Cooperativa Reciclador Solidário e, ainda, criticou a postura da Prefeitura de Piracicaba em relação à recusa de investimento em uma nova sede. “É tempo de evoluir, não de fechar diálogo”, disse.

Dentre os problemas, está a estrutura do imóvel onde os catadores atuam. “O contrato com a Prefeitura diz que eles devem fornecer um imóvel adequado, mas o atual não possui nem banheiro”, disse. Alexandra relata, ainda, que o galpão atual é exposto à chuva, onde os trabalhadores pisam na água e levam choque, “isso não é uma condição digna de trabalho”. 

A assistente social Célia Carlin, da Cooperativa Reciclador Solidário, critica a falta de aumento na coleta seletiva. “Desde fevereiro deste ano, a coleta foi reduzida e, agora, em março também não aumentou”, informou. Atualmente, são 12 caminhões que atendem 64 bairros, mas a coleta chega a apenas 225 toneladas de material ao mês, abaixo do mínimo de 300t/m.

Ela explica que metade da capacidade da Cooperativa está ociosa, por falta da abertura de um segundo turno de produção. “Possuem uma esteira para coleta de matérias, que elevou de 180 a quase 300 toneladas ao mês, mas a capacidade é de 600 toneladas ao mês”, disse, ao informar que atualmente são 68 cooperados, com média salarial de R$ 905,50. 

Célia fez uma denúncia grave, a respeito de desvio de material reciclável – parte do que é recolhido fica com a empresa Ambiental. “O caminhão chegou no último dia 1 com o comprovante de 580 quilos, mas o peso real, averiguado pela cooperativa, tinha apenas 400 quilos”, disse. 

A representante do Gaema Piracicaba, Alexandra Martins, enfatizou que é preciso haver “medidas imediatas” para dar viabilidade à Cooperativa Reciclador Solidário. “Tem que haver meta mínima de materiais ao mês, superar as condições precárias de trabalho, viabilizar uma nova sede administrativa e, ainda, reforçar a educação ambiental”, disse. 

O gerente da empresa Ambiental, Claudionor Siqueira de Lira, disse desconhecer que haja desvio do material que é encaminhado ao Reciclador Solidário. “Não é do nosso conhecimento que isso ocorra”, disse. Ele se comprometeu em se reunir com representantes da Prefeitura sobre o assunto. “Vamos sentar com a prefeitura para atender as metas.” 

Já o procurador-geral do município, Milton Sérgio Bissolli, a política de reciclagem na cidade tem “conseguido alguns avanços” já no início do ano, mas ele se comprometeu a buscar novas medidas que dêem viabilidade à cooperativa de catadores. Disse, ainda, que, em relação ao não investimento de R$ 6 milhões em uma nova sede administrativa ocorreu simplesmente porque o dinheiro não havia sido empenhado no orçamento na administração anterior. “Sem o dinheiro, não há como fazer”, disse. 

PLENÁRIO – Vereadores que participaram da audiência pública saíram em defesa da Cooperativa Reciclador Solidário e pediram apuração sobre os casos apresentados durante o evento. “A cooperativa produz o dobro e recebe menos da metade. Isso é uma injustiça”, disse Lair Braga (PPS). “Quero deixar clara minha indignação e repúdio”, enfatizou. 

Antonio Domingos Padovan (PR) chegou a ser aplaudido pelos cooperados, que acompanhavam a audiência pública. “Para mim, isso (entregar menos material do que está previsto) é furto. Se dobrou a frota de caminhões, como é possível ter menos reciclados”, questionou. Ele também sugeriu a criação de uma comissão de catadores para fiscalizar a situação da reciclagem no município junto ao Ministério Público. 

Pedro Kawai (PSDB) pediu investigação aos possíveis desvios de material reciclado e lembrou da importância de divulgar a importância da reciclagem. “Deve investigar se a divulgação e a conscientização da coleta está sendo feita, se está chegando em todos os bairros”, disse.

Para a vereadora Nancy Thame (PSDB), os catadores têm direito a uma boa condição de trabalho. Ela também defendeu a conscientização sobre a reciclagem no município. “Está faltando educação ambiental”, disse. Já o líder de governo, vereador José Aparecido Longatto (PSDB), sugeriu fazer uma proposta de encaminhamento ao Plano Plurianual (PPA) para que seja realizada a construção de uma nova sede ao Reciclador Solidário. 

O vereador André Bandeira (PSDB) também destacou a falta de educação ambiental. “Moro na Vila Independência e na minha rua, infelizmente só a minha família tem o costume de separar os lixos”, disse. 

Autor da audiência pública, o vereador Paulo Campos (PSD) parabenizou a participação de todos os cooperados no evento e destacou que só com a união de todos será possível reverter a atual situação. Ele defendeu que haja entrega mínima de material para que dê viabilidade econômica ao Reciclador Solidário. “Se não, a cooperativa vai acabar.” 

Também acompanharam a audiência pública os vereadores Isac Souza (PTB), Osvaldo Schiavolin, o Tozão (PSDB) e Wagner Oliveira (PHS).



Texto:  Erich Vallim Vicente - MTB 40.337 Lucas Lima
Imagens de TV:  TV Câmara


Legislativo

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