O trabalho da aluna Jaqueline Altomani da Silva, do 8º semestre do curso de Jornalismo, foi o grande vencedor da 6ª edição do "Prêmio Professor Doutor Elias Boaventura de Educação". A estudante de 21 anos passou 20 dias em Novo Acordo, município de 4 mil habitantes em Tocantins, para pôr em prática um projeto de formação de professores baseado na lei federal 10.639/1996, que trata de estudos étnico-raciais.

Selecionada junto com sete estudantes da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) para integrar a comitiva do Projeto Rondon na localidade, Jaqueline ressalta que a comunidade os acolheu "muito bem, do Poder Público à população". "A vida muda depois do Rondon, temos uma experiência que é um choque cultural. Aprender a lidar com pessoas com uma realidade totalmente diferente da nossa nos torna mais pacientes e humanos", disse.

No total, dez trabalhos de extensão da Unimep foram agraciados com o "Prêmio Elias Boaventura", em cerimônia realizada no campus Taquaral na noite desta terça-feira (5). O anúncio da conquista do primeiro lugar surpreendeu Jaqueline. "Porque o reconhecimento nós temos na comunidade, enquanto desenvolvemos o projeto. Concorrer ao prêmio foi uma consequência que eu não esperava. Estou muito contente!", afirmou, ao final da solenidade.

Organizador do evento neste ano, o vereador Marcos Abdala (PRB) recordou que o prêmio foi instituído na Câmara pelo ex-presidente João Manoel dos Santos, atualmente à frente da Emdhap (Empresa Municipal de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba), em homenagem ao professor Elias Boaventura, que comandou a Unimep entre 1978 e 1986, numa época em que a instituição se projetou na defesa da democracia no país.

"Este prêmio simbolicamente abraça toda a universidade, é para todos. Quando foi reitor, Elias Boaventura abriu as portas da Unimep, pois houve um tempo em que se enxergava a faculdade como um lugar só para ricos. E esses projetos a trazem para perto da sociedade. A Unimep é tão importante para Piracicaba que a Câmara aprovou a criação de um Fórum para falar dela", destacou Abdala, que se disse emocionado em participar do evento pela primeira vez.

Coordenador de extensão e assuntos comunitários da Unimep, Josué Adam Lazier apontou a extensão universitária como "o caminho que leva para outros lugares". "Ela contribui para a oxigenação da instituição, no sentido de trazer sempre novos ventos, possibilitando que a universidade perceba que existem realidades muitos diferenciadas, que pedem os valores que a Unimep tem, de enaltecer a vida como o bem absoluto de todas as pessoas", afirmou.

"A extensão nos desafia a acreditar que podemos superar as dificuldades que surjam no caminho e a resistir às tentativas de transformação da educação em mera mercadoria. É um espaço de vivência, aprendizado e interação, onde descubro minha autonomia e identidade no relacionamento com os outros que estão fora da universidade, o que nos humaniza e cria a perspectiva de uma sociedade mais fraterna e justa", completou Lazier.

O professor Paulo Roberto Botão, coordenador do curso de Jornalismo e orientador de Jaqueline, enalteceu a parceria do Legislativo municipal com a Unimep. "A Câmara vem, ao longo do tempo, creditando valor a esse trabalho e dando mais motivação para que, ano a ano, essas atividades se mantenham", pontuou.

O docente observou que a entrega do prêmio ocorre ao final de um ano "muito difícil, mas também de muita resistência" para a Unimep. "Houve uma mobilização permanente de professores, alunos, funcionários e parceiros, como a Câmara, que defendem a identidade, a cultura e o projeto que esta instituição representa, como um lugar de transmissão e produção de conhecimento e de diálogo com a sociedade, principalmente com os setores menos favorecidos."