17 DE NOVEMBRO DE 2015
Vereador João Manoel convocou encontro na Câmara; ação integra a Semana da Consciência Negra
Entidades sugeriram criação de cartilha sobre anemias falciformes e talassemias
O vereador João Manoel dos Santos (PTB) promoveu nesta terça-feira, 17, audiência pública para discutir assuntos relacionados à saúde dos negros e aos problemas de atendimento aos portadores de anemias falciformes e talassemias. O encontro, no Plenário Francisco Coelho, é uma das ações da Semana da Consciência Negra.
A anemia falciforme é considerada uma das doenças hereditárias mais comuns no mundo e atinge com maior frequência a população da raça negra. Segundo o Ministério da Saúde, a doença acomete pessoas sem a hemoglobina A e, no seu lugar, produzem outra hemoglobina diferente daquela, chamada hemoglobina S. Já a talassemia é uma desordem hereditária que pode causar anemia.
Segundo o parlamentar, a prefeitura instalou no bairro Alvorada, em outubro do ano passado, o Ambulatório de Hemoglobinopatias e Doença Falciforme, com um médico hematologista, um pediatra e enfermeira especializada em hematologia. Ele enumerou os avanços da medida e disse que a discussão foi iniciada pelo seu mandato, a partir de projeto de lei de sua autoria aprovado na Câmara.
Responsável pelo ambulatório na cidade, o médico hematologista Lineu Antonio Cardoso apresentou os procedimentos oferecidos no município, incluindo o atendimento psicológico e as reuniões de psicoterapia em grupo. A anemia falciforme requer três medicamentos, todos disponíveis gratuitamente e, além disso, palestras são promovidas nos centros comunitários para divulgar a doença e seus sintomas. Os casos mais graves são atendidos em Campinas, no Hospital Boldrini.
O vereador João Manoel dos Santos sugeriu que as entidades ligadas ao movimento negro da cidade busquem esclarecimentos nos hospitais locais sobre a correta aplicação dos exames do pezinho e de sangue para anemia falciforme no nascimento das crianças. A principal preocupação, avaliou o vereador, é com a falta de informação sobre as doenças. “Para nós, a vida está acima de qualquer coisa. De repente a pessoa pode vir a óbito pela falta do diagnóstico específico.”
Para Kátia Maria Paschoalini, do Conselho Municipal de Saúde, é preciso se atentar para o alcance da informação sobre as doenças nas comunidades mais distantes, incluindo as de maior vulnerabilidade social e as localizadas na Zona Rural. Sobre a questão, Cardoso sugeriu um cronograma de divulgação e palestras, a ser definido com as próprias entidades. Num segundo momento, pode acontecer o treinamento de agentes multiplicadores, com trabalho itinerante nas comunidades.
Na avaliação de Adilson Abreu, do Conepir (Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de Piracicaba), falta esclarecimento sobre os sintomas da doença e há, da parte médica, resistência em se aprofundar na talassemia, tratando o problema, muitas vezes, como anemia. Para ele, é preciso elaborar uma cartilha com linguagem simples para esclarecimento da população, mas também um projeto de sensibilização da classe médica para a importância do assunto.
Participaram da audiência Conceição Aparecida Nascimento Sandoval, da Sociedade Beneficente Treze de Maio; Adney Araújo de Abreu, do Conepir; José Luiz Teodoro, do Afropira; Thaís Aparecida Progette, do Conselho Municipal da Mulher, além de outras entidades. No encerramento das atividades, o vice-prefeito João Chaddad (PSDB) fez uma saudação aos presentes e defendeu a importância de uma cartilha de orientação.