PIRACICABA, QUINTA-FEIRA, 25 DE ABRIL DE 2024
Aumentar tamanho da letra
Página inicial  /  Webmail

23 DE JANEIRO DE 2014

Audiência aponta impactos da Barragem de Santa Maria da Serra


Vereador Paiva participou do encontro na tarde de quarta-feira (22) e apresentou argumentos contrários à implantação



EM PIRACICABA (SP)  

Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 (1 de 7) Salvar imagem em alta resolução

Aproximadamente 120 pessoas acompanharam discussão em Águas de São Pedro

Aproximadamente 120 pessoas acompanharam discussão em Águas de São Pedro
Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 (2 de 7) Salvar imagem em alta resolução

João Bosco de Freitas destacou preocupação de associação SOS Nova Piracicaba

João Bosco de Freitas destacou preocupação de associação SOS Nova Piracicaba
Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 (3 de 7) Salvar imagem em alta resolução

Paiva declarou preocupação com meio ambiente e futuro da população ribeirinha

Paiva declarou preocupação com meio ambiente e futuro da população ribeirinha
Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 (4 de 7) Salvar imagem em alta resolução

Encontro foi promovido pelo Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo

Encontro foi promovido pelo Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo
Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 (5 de 7) Salvar imagem em alta resolução

No decorrer de 2014, outros encontros serão promovidos pelo vereador

No decorrer de 2014, outros encontros serão promovidos pelo vereador
Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 (6 de 7) Salvar imagem em alta resolução

Há 21 impactos econômicos e 34 ambientais, destacou parlamentar

Há 21 impactos econômicos e 34 ambientais, destacou parlamentar
Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 (7 de 7) Salvar imagem em alta resolução

Ao todo cinco encontros foram realizados desde dezembro de 2013

Ao todo cinco encontros foram realizados desde dezembro de 2013
Foto: Fabrice Desmonts - MTB 22.946 Salvar imagem em alta resolução

Há 21 impactos econômicos e 34 ambientais, destacou parlamentar



Os impactos que serão causados com a extensão de 45 quilômetros da Hidrovia Tietê-Paraná foram discutidos na audiência pública Aproveitamento múltiplo de Santa Maria da Serra, realizada na tarde desta quarta-feira (22), em Águas de São Pedro, no Hotel Jerubiaçaba. Como representante do Legislativo piracicabano, o vereador José Fernandes Paiva (PT) compareceu ao encontro e destacou os riscos de implantação da construção de uma barragem no rio Piracicaba, entre as cidades de Anhembi e Santa Maria da Serra.

Também abrangendo áreas dos municípios de Águas de São Pedro e São Pedro, a barragem tem custo estimado em R$ 1,5 milhão e irá permitir, entre outras coisas, o escoamento de etanol, reduzindo o tempo de viagem, gastos com frete e aumento da carga transportada. Fruto de discussões desde a década de 70, a obra requer a construção de reservatório com 6.770 hectares, sendo afetados, deste total, 3.090 hectares. O projeto, que deve ser concluído em 2017, irá aumentar em 45 quilômetros a navegabilidade da Hidrovia Tietê-Paraná.

Paiva se declarou contrário à construção da barragem, mas favorável à hidrovia. Ele citou a existência de 21 impactos econômicos e 34 ambientais, entre eles o aumento do nível do rio Piracicaba e a inundação do bairro Tanquã, conhecido como Pantanal paulista. O vereador disse defender a população ribeirinha e o meio ambiente. “Trata-se de uma opção para o futuro e não para o passado. Se há riscos, por que fazermos o empreendimento?”, indagou.

O assoreamento do rio Piracicaba, já presenciado nos dias atuais, é uma das preocupações do vereador. Ele lembrou que a erosão das margens inviabiliza a recomposição vegetal das APPs (Áreas de Proteção Ambiental). “Nem sempre um empreendimento econômico deve sobrepor o interesse social”, destacou Paiva, ao reforçar o potencial para exploração mineral de água subterrânea na região, devido ao Aquífero Guarani, o maior reservatório de água doce do mundo. 

Para a construção da barragem será formado um reservatório, acomodado sobre o reservatório de Barra Bonita e que se estenderá por Santa Maria da Serra, São Pedro, Águas de São Pedro e Piracicaba. Tal medida pode provocar a elevação do nível d’água e a consequente perda de áreas, de vegetação, instalações e moradias, conforme consta no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) do projeto.

Paiva alerta que o enchimento do reservatório deve provocar a elevação dos níveis freáticos, reversão de fluxos subterrâneos, perenização de áreas que se apresentam úmidas e alagadas apenas em épocas de cheias e o surgimento de novas áreas com tais características. “A alteração do nível do freático pode causar danos às instalações, benfeitorias e edificações que ficarão nas proximidades do futuro tais como: aumento do nível de água nos poços rasos e nas fossas, além do aumento de umidade nas estruturas dos imóveis”, destacou.

Outro ponto preocupante é a possível contaminação das águas subterrâneas em Tanquã, Ártemis, Águas de São Pedro e em loteamentos de sítios e chácaras do entorno do reservatório. Como ação preventiva, Paiva defendeu o mapeamento e cadastramento detalhado dos poços existentes na área do reservatório. O vereador declarou apoio ao movimento Salve o Rio Piracicaba – Não à barragem de Santa Maria da Serra. No próximo domingo (26), o grupo dá inicio a um abaixo-assinado, com coleta de assinaturas na Rua do Porto. 

Para João Bosco de Freitas, da associação SOS Nova Piracicaba, embora exista uma garantia não-verbal de que não haverá enchentes no rio Piracicaba, a descrença é grande pelas experiências do passado. Ele lembrou que o movimento surgiu em janeiro de 2010, após cheia no rio Piracicaba que vitimou a população ribeirinha. “Ficamos submersos, órfãos do poder público. A Defesa Civil não fez nada por nós e, agora, estamos preocupadíssimos”, disse, ao deixar clara a posição da entidade:  “não somos contra o projeto, mas em favor da preservação ambiental”.

Durante a audiência, a promotora Alexandra Facciolli Martins lembrou o papel do Ministério Publico em monitorar os compromissos anunciados pelos representantes do consórcio contratado para elaborar o projeto da barragem. “Alguns compromissos não constam no estudo de impacto ambiental e não podemos deixar que sejam apenas promessas. Eles precisam constar das exigências técnicas e serem formalizados”, declarou.

O assistente técnico da promotoria, Michel Metran da Silva, citou alguns pontos falhos no projeto apresentado pelas empresas vencedoras do consórcio, como a ausência, no EIA-Rima, de ações para os empreendimentos coligados. “Se por um lado é viável economicamente, é preciso pensar na viabilidade ambiental, que depende do cumprimento integral de programas”, destacou, ao citar a falta de recursos financeiros para as iniciativas ligadas ao meio ambiente: serão R$ 25 milhões para os 31 programas, mas estimando os valores de mercado seriam necessários pelo menos R$ 62 milhões. 

Desde dezembro de 2013, o Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo realizou cinco encontros para discutir os impactos ambientais e os aspectos econômicos da barragem. Além de Águas de São Pedro, local da última audiência, houve discussões em Santa Maria da Serra, São Pedro, Piracicaba e Anhembi. No decorrer de 2014, Paiva pretende promover outras ações na Câmara de Vereadores e no município de Piracicaba, com o intuito de esclarecer a população sobre os danos ambientais.



Texto:  Rodrigo Alves - MTB 42.583


Infraestrutura Urbana José Paiva

Notícias relacionadas